quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

"Comeu-lhe o cu" ou "Querem cortar o meu pinto!!"

Hoje fui assistir ao badalado e (bem/mal) falado filme Do começo ao fim, que narra a relação amorosa e incestuosa e (para alguns)"Fetichiosa" entre dois irmãos. Enfim, entre beijos e olhares melosos e desejosos, um dos irmãos cita Hilda Hilst. Uma poetisa-escritora, digamos, do escárnio. Eis um trecho da dita:

"O que eu podia fazer com as mulheres além de foder? Quando eram cultas, simplesmente me enojavam. Não sei se alguns de vocês já foderam com mulher culta ou coisa que o valha. Olhares misteriosos, pequenas citações a cada instante, afagos desprezíveis de mãozinhas sabidas, intempestivos discursos sobre a transitoriedade dos prazeres, mas como adoram o dinheiro as cadelonas! Uma delas, trintona, Flora, advogada que tinha um rabo brancão e a pele lisa igual à baga de jaca, citava Lucrécio enquanto me afagava os culhões e encostava nas bochechas translúcidas a minha caceta: ó Crasso (até aí o texto é dela) e depois Lucrécio: "o homem que vê claro lança de si os negócios e procura antes de tudo compreender a natureza das coisas". A natureza da própria pomba ela compreendia muito bem [...] Enchi-me de coragem e estraçalhei-lhe o rabo com inglesas ou americanas (who knows?) e babados e o chapéu, não naturalmente sem antes lhe tapar a boca, porque tinha certeza que ela ia zurrar como um asno. Zurrou abafada, mas eu podia discernir algumas palavras. Ela zurrava: ó (leia-se aou, aou, aou, entonação inglesa) Aou Ezra, aou my beloved Ezra! Nunca entendi por que Josete quando citava Pound colocava a entonação inglesa. Também nunca perguntei. Certamente o nojento era o Shakespeare dela".

Aí, dando uma lida em seus textos, me veio a memória um, que escrevi ainda na faculdade. Entre médias aritméticas e desvios padrões da aula de estatística, sentado atrás de uma colega de sala, que não cito o nome, mas que tinha ancas largas e coxas grossa e brancas, escrevi o tal texto. Aqui posto ele:

"E querem cortar o meu pinto! Essa foi a notícia que me deram.
A recebi por telefone, em forma de ameaça. Anônima. Oculta. Obscura. Misteriosa.
Rápida. Curta e grossa!
Querem cortar o meu pinto!
Só porque eu te peguei. Sozinha, linda, solitária, atraente. Tesuda!
- Porque não agüentaste? - me perguntavam.
- Como me segurar diante de tão bela criatura?
Bela. Ninfa. Afrodite, deusa, Vênus. Menina, mulher.
E querem cortar o meu pinto!
Te peguei no canto da rua detrás da padaria do Seu Alceo.
Não pude resistir!
Tuas carnes, tuas coxas grossas! Lisas. Brancas.
Tua bunda redonda naquele balançar inebriante. Hipnotizante. Lindo!
Teus peitos duros, grandes, médios, gostosos, saborosos.
Duros! Pêssegos, tesudos.
Tua boceta implorando para o meu falo adentrá-la.
Esfolá-la. Fazê-la gozar. Urrar de orgasmo.
De êxtase total!
E querem cortar o meu pinto!?
Porque foste minha!
Puta. Quenga. Rapariga. Mulher de mil nomes.
Profana, Messalina. Prostituta, mulher da vida! Rameira.
Mulher, menina, vadia, esposa. Minha!
E querem cortar o meu pinto!
Tudo isso por uma única causa: fui eu quem quebrou o tão desejado cabaço.
Eu, um simples mortal, de pés descalços e sem uma banda!
Eu, um mendigo de rua.
E querem cortar o meu pinto!"
(Escrito em 16/08/2000 – numa aula de estatística)

0 comentários:

Postar um comentário

 
;